Artigo em revista internacional aborda sementes em áreas florestais sulbaianas
O processo de regeneração de florestas no território do Sul da Bahia é o tema do artigo Successional, spatial, and seasonal changes in seed rain in the Atlantic forest of southern Bahia, Brazil, publicado na revista PlosOne. O trabalho é assinado pelo professor Daniel Piotto (Centro de Formação em Ciências Agroflorestais/ UFSB) e pelos pesquisadores Dylan Craven (Universidade de Goettingen, Alemanha), Florencia Montagnini, Mark Ashton, Chadwick Oliver (vinculados à Universidade de Yale, EUA) e William Wayt Thomas (Jardim Botânico de Nova York). O artigo analisa a chuva de sementes de espécies florestais em áreas em processo de regeneração natural no Parque Estadual da Serra do Corundu (PESC). O professor Piotto, que pesquisa as florestas secundárias do Sul da Bahia, explica que essas matas são o resultado da regeneração de florestas primárias, mais antigas e maduras, após o corte de árvores e abandono da área. O objetivo era verificar os efeitos de fatores como idade da floresta secundária, distância de uma área de floresta primária e a sazonalidade das estações na densidade, diversidade de espécies, modo de dispersão e o tamanho das sementes. Estudar esses processos ajuda a entender como e em quanto tempo essas áreas florestais se regeneram pelos seus próprios meios, como se pode aproveitar essa capacidade para preservar espécies raras, além de dar informações importantes para qualificar o manejo e o uso sustentável desses recursos naturais.
O termo "chuva de sementes" se relaciona à liberação e dispersão de sementes, de acordo com as características de cada espécie vegetal, podendo ocorrer pela simples queda no solo devido à ação da gravidade, o transporte pelo vento e pela ação de animais. Nas áreas estudadas pelos cientistas, as espécies predominantes são a embaúba, a cupianga, a taipoca e a capororoca. Para saber como ocorre a chuva de sementes no PESC, os pesquisadores instalaram e monitoraram 105 armadilhas de sementes em 15 pares de áreas de florestais, cada um formado por uma floresta primária e uma secundária adjacente à primeira, e colocando cinco pares em cada uma das três classes conforme a idade estimada das florestas secundárias: 11 (de 10 a 12), 24 (de 22 a 25) e 40 (37 a 43) anos. A observação foi feita ao longo de um ano, entre 2009 e 2010.
Todas as áreas de florestas secundárias tinham em comum o fato de terem sido cortadas, queimadas e usadas para o cultivo de mandioca por um ou dois anos antes de serem abandonadas. Além disso, apresentaram aumento da diversidade de espécies conforme a idade. Conforme o professor Piotto, as áreas de florestas primárias, em geral as que contêm maior variedade de espécies de árvores, são assim consideradas quando atingem cerca de 100 anos após o último distúrbio: "o que caracteriza uma floresta primária é a estagnação do crescimento e da diversidade da floresta, que chegou ao limite máximo", explica. Por isso, as florestas mais antigas são fontes da diversidade de espécies, resultado da chuva de sementes ao longo do tempo.
Dentre os resultados, destaca-se o papel importante de animais como transportadores de sementes de espécies comuns e raras, contribuindo para a diversidade na chuva de sementes ao longo do tempo e para a variedade de árvores em uma floresta secundária madura. A distância da floresta primária e a caça, entretanto, afetam a presença de animais que espalham sementes maiores, menos presentes em todas as amostras. O professor Piotto reforça que o artigo focaliza a conformação da chuva de sementes em cada classe de floresta secundária. Os dados encontrados permitem considerar "Como questão prática podemos dizer, em uma perspectiva de restauração florestal, que áreas em regeneração isoladas na paisagem terão uma menor chuva de sementes de espécies florestais e, consequentemente, necessitarão de algum tipo de enriquecimento para atingirem os padrões de diversidade das florestas originais da região".
O artigo completo pode ser consultado neste link.